Bordados - Como ser uma mulher no Irã

Como ser mulher em um mundo onde apenas os homens podem tudo e a elas é reservado – unicamente – o papel de obedecer: ao pai, aos irmãos, ao marido, aos anciãos? Como resistir a uma cultura onde meninas de 13 anos são dadas como esposas a homens de 69 anos? Como sobreviver à opressão de um machismo perverso?

A quadrinista iraniana Marjane Satrapi tornou-se a mais importante porta-voz das mulheres do oriente a partir da publicação do seu primeiro livro “Persépolis” (vídeo). Através das suas memórias pessoais e da família, a autora relembra a história recente do Irã dos aiatolás: a queda do Xá (que governava o país com uma tendência “europeizante”), a ascenção dos radicais religiosos, o fim do liberalismo cultural... O livro, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares, teve uma versão para cinema que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008.



Depois de Persépolis, Marjane repetiu a mesma fórmula com “Frango com ameixas” que conta a história do tio músico, que não consegue se adaptar ao radicalismo religioso. E agora lança no Brasil, pela Companhia das Letras, o seu terceiro livro: “Bordados”.

O romance gráfico investiga as lembranças e traumas das mulheres da família Satrapi e de suas amigas mais próximas. Em volta do samovar (uma peça tradicional no Irã, onde é servido o chá), oito mulheres se reúnem para contar suas histórias de dor, medo, humilhação e superação. Com um humor sutil e seu traço ingênuo (quase infantil), Marjane nos mostra como as mulheres iranianas conseguem tornar-se donas dos seus próprios destinos. Apesar de tudo, elas conseguem amar. Driblam a opressão de seus maridos, fazem cirurgias plásticas, traem, riem e fazem graça com sua própria condição. A autora faz um libelo feminista, sem cair no discurso panfletário.

Fonte: Blog Nona Arte/ Texto: Carlos Ely

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