Frei Betto: “A publicidade infantil deveria ser discutida em sala de aula”

Frei Betto participa de debate da Cúpula dos Povos na Rio+20.
O teólogo e escritor Frei Betto acredita que os efeitos negativos dos anúncios publicitários infantis, principalmente televisivos, deveriam ser tratados pelos currículos das escolas brasileiras. A opinião foi defendida no debate sobre “Infância, Valores e Sustentabilidade”, organizado pelo Instituto Alana, nesta quinta (21/6) como parte da programação da Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro.
Para ele, a publicidade utiliza a erotização precoce para seduzir as crianças a consumir produtos desde cedo. Quando se tornam consumistas entre os quatro e cinco anos, ocorre o fenômeno da “esquizofrenia”, por estarem biologicamente infantis, mas psicologicamente adultos. Dentro desse contexto, a criança que passa mais de três horas por dia na frente da TV transfere seu universo onírico para a telinha.
“Não é necessário mais sonhar porque a televisão já faz isso por ela, só é preciso assistir esses sonhos”, afirma. Assim sendo, a tendência dessa criança quando chega a puberdade, próximo aos 12 anos, é viver um trauma ainda maior do que o normal para o período, ao perceber que o mundo infantil já acabou, mas a sua capacidade onírica ainda não se esgotou.
Frei Betto ressalta que esse pré-adolescente é o candidato ideal para ser um usuário excessivo de drogas, forma pela qual poderá escapar do real e, finalmente, sonhar, já que não fez isso antes. “Não dá para ficar sem sonhar, quando a existência é colocada em bens e produtos, não há coração que aguente, a pessoa se frustra”, complementa.
Levando em conta tudo isso, o escritor é a favor do projeto de lei que proíbe completamente a propaganda de produtos e serviços voltados às crianças, que tramita na Câmara há mais de dez anos e, atualmente, está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Eles querem formar consumistas, nós queremos formar cidadãos”, enfatiza.
Para tentar minimizar esses efeitos negativos, Frei Betto defende que o tema seja discutido nas escolas, mas também em casa, espaço de debate fundamental para a formação do indivíduo. Nesse sentido, questiona os pais que preferem levar seus filhos ao shopping center, estimulando o consumismo, do que ir ao  parque ou em lugares próximos à natureza.
“A experiência humana é construída com valores que, na minha opinião, são o problema mais profundo do sistema atual em que vivemos. Temo que o paradigma principal desse momento é o do mercado, em que os únicos princípios que importam são os que promovem a acumulação de riqueza”, lamenta.
Fonte: Portal Aprendiz/ Marjorie Ribeiro - 22/06/12

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