Infância e Comunicação – Qualificar jornalistas para derrubar estereótipos


Debate sobre a proteção da imagem da criança e do adolescente na mídia, com foco especial no adolescente em conflito com a lei destaca a falta de informação e os prejuízos em relação ao tema
A falta de conhecimento, de intimidade com o vocabulário, de fontes não qualificadas, a rotina apressada das redações e os preconceitos por parte da população são algumas das dificuldades para a qualificação da cobertura do tema adolescentes em conflito com a lei.  Esses pontos foram levantados na tarde de hoje (05), no painel sobre Proteção da Imagem da Criança e do Adolescente na Mídia do evento Infância e Comunicação – Marcos Legais e Políticas Públicas.
 O encontro reuniu no Auditório Antônio Carlos Magalhães localizado no Interlegis, a vice-presidente do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança na Suíça, Marta Maurás; a Jornalista Amiga da Criança e repórter do Correio Braziliense, Renata Mariz; a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Angélica Goulart; e parlamentares como Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Nazareno Fonteles (PT-PI).
Renata Mariz enumerou as principais dificuldades para a cobertura do tema. No entanto, de acordo com a repórter, são obstáculos contornáveis com qualificação de jornalistas e proximidade com fontes confiáveis.  Para Angélica Goulart, é preciso que haja mudança no trabalho jornalístico, com abordagens mais amplas e qualificadas em relação a políticas públicas. Segundo dados da SDH, houve uma diminuição de atos infracionais contra a vida. “Mas o que aparece na mídia é que há um aumento desses atos cometidos por meninos e meninas. A diminuição das estatísticas e a melhora no sistema não estão sendo veiculadas, o que reforça preconceitos e estigmas”, aponta.  Na sua avaliação, o grande desafio da imprensa é apresentar os dados sem deixar de mostrar quem são esses adolescentes.
O deputado Jean Wyllys abordou o preconceito quando se trata do público infanto-juvenil.  "Um contingente enorme de crianças e adolescentes não são sujeitos de direitos. A exclusão não se dá apenas por preconceito de classe, mas também por racismo e homofobia". E, a partir desse ponto, acrescentou ao debate a maneira como essa parcela da população é representada pelas mídias.  “Qual é o lugar dos adolescentes negros nas mídias?”, indagou o deputado, ao citar o tratamento dado a adolescentes em conflito com a lei nos jornais e programas policialescos. “Esses meninos são sempre julgados previamente a partir do relato da polícia e, quando eles têm voz, são humilhados na sequência”.
A falta de conhecimento da legislação protetiva de crianças e adolescentes, assim como dos acordos internacionais ratificados pelo Brasil causam prejuízo para a cobertura jornalística. De acordo com a vice-presidente do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, Marta Maurás, a imprensa deve dar tratamento igual a meninos e meninas, sem levar em conta sua classe social, origem ou etnia e, principalmente, deixar de lado os estereótipos e o sensacionalismo. “Olhar para a criança e representar a criança só como criança, é um grande desafio”, conclui a especialista internacional.
O evento Infância e Comunicação –Marcos Legais e Políticas Públicas é uma iniciativa da ANDI – Comunicação e Direitos, em parceria com a Secretaria Nacional de Justiça (órgão do Ministério da Justiça), com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (órgão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) e do Conanda.
As discussões sobre direitos à comunicação de crianças e adolescentes continuam. Começa amanhã (6) o Seminário Internacional  Infância e Comunicação – Direitos, Democracia e Desenvolvimento. A transmissão ao vivo do Seminário e a programação completa está disponível em infanciaecomunicacao.andi.org.br. Acompanhe também pelo Twitter da ANDI com a hashtag #infanciaecomunicacao, pelo Facebook e pelohttp://blog.andi.org.br/.

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