Canoas (RS) sediará em 2011 seminários sobre Estudos Culturais e Educação

Encontram-se abertas as inscrições para o 4º SBECE (Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação)/1º SIECE (Seminário Internacional de Estudos Culturais e Educação) em duas modalidades: ouvintes ou estudantes/professores com trabalhos para apresentar. Cada pessoa pode inscrever até dois trabalhos para avaliação da comissão científica. O prazo é 15 de dezembro. O evento terá ainda cinco minicursos com vagas limitadas.

Veja abaixo a apresentação do 4º SBECE/1º SIECE divulgada no site do evento.

"As máximas de que "o mundo mudou", de que "a escola está em crise" ou de que "as crianças não aprendem" já não dão mais conta (se é que um dia o fizeram) de nos fornecer ferramentas e argumentos necessários para pensar a cultura escolar em nosso tempo. Paralelamente a isso, estamos frente a novas lutas sociais, ligadas à construção das novas configurações culturais por meios das quais os sujeitos, a escola, a educação são hoje produzidos.

Por muito tempo, o campo dos Estudos Culturais esteve (e ainda está) comprometido com a realização de leituras e análises transdisciplinares acerca das tênues alianças entre cultura, economia e poder. Quando vinculado à Educação, o desafio nos pareceu (e nos parece) desligar os fios que ligam tais temáticas (e tais alianças) à forma como a escola e os sujeitos escolares se vêem aí implicados.

Ainda assim, os Estudos Culturais também têm se caracterizado pelo seu comprometimento com a revisão constante dos projetos, direcionamentos, temáticas e questões acerca dos quais se têm ocupado centralmente seus praticantes. Passados cerca de 14 anos desde que se vem apostando na produtividade da articulação empreendida entre a Educação e esse campo tão diverso e disperso dos Estudos Culturais, cabe, portanto, empreender-se uma reflexão acurada e extensa acerca das exigências, das restrições, bem como acerca das novas possibilidades que este inegavelmente importante encontro tem suscitado.

Um dos propósitos deste 4º SBECE é, então, dar destaque a discussões que examinem os focos em torno dos quais se tem delineado essa articulação - tal como indicou Grossberg (2008) ao indagar-se acerca do futuro dos Estudos Culturais na Contemporaneidade. Caberia então perguntar: terá esse campo, que pode ser caracterizado como uma zona de confluência de estudos, recaído na mesmice, na repetição ou na mera replicação de questões, conceitos e metodologias?

Terão se esgotado as teorizações que lhe emprestavam um caráter inovador e renovador, no que tange à exploração da cultura escolar e da educação praticada de forma ampla no âmbito das cada vez mais numerosas instituições que povoam a cultura em nossos dias?

Qual a importância das conexões autorizadas relativamente ao alcance de uma maior densidade intelectual para as explicações esboçadas pelos/as ousados/as praticantes de uma educação culturalista?

Como os estudos localizados neste campo de confluência se aproximam ou distanciam dos debates conduzidos extraídos de outros contextos geográficos (da Inglaterra ao México, dos Estados Unidos à Argentina), bem como das mais diversas disciplinas (literatura, antropologia, cinema, sociologia, e tantas outras)? E, finalmente, parafraseando a indagação feita por Canclini para os Estudos Culturais, como fazer os Estudos Culturais em Educação falarem português?

Temos claro que responder a esses questionamentos implica dar conta, a partir de um referencial teórico preciso, de problemas, urgências e desafios que, por um lado, são caros e atingem direta e exclusivamente a nós, pesquisadores do campo da Educação no Brasil, mas que, por outro lado, não deixam, de forma alguma, de estar apartados de demandas e de relações mais amplas com questões ligadas à globalização, à era da informação, e ao desenvolvimento do capitalismo neste começo de século. Assim, ao colocar em primeiro plano os "desafios atuais" do campo dos Estudos Culturais, privilegiamos debater, a um só tempo, a pertinência do campo de estudo para a educação brasileira hoje e a tarefa de reunir trabalhos que se dediquem, de algum modo, a renovar, a reformular a agenda dos Estudos Culturais".

CANCLINI, Néstor Garcia. Diferentes, desiguais e desconectados. Tradução de Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.

GROSSBERG, Lawrence. Será que os Estudos Culturais têm futuro? E deverão tê-lo? Comunicação & Cultura. Dossiê Culturalite, Quimera: Lisboa, n. 6, outono-inverno, 2008, p. 17-51.

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