Como as revoluções no mundo do livro podem impactar a educação



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Novos formatos, novas maneiras de ler e muitos desafios. Quem trabalha com educação – e livros – diariamente, precisa acompanhar de perto as revoluções em curso no mundo editorial. O tema está em foco na Bienal do Livro de São Paulo, que na última sexta-feira (10) convidou o público a refletir sobre como aproveitar as vantagens e também os riscos das transformações. 

“O importante é pegar a energia destas revoluções e usá-las ao seu favor, e não ser engolido por elas”, afirmou Andrew Lowinger, CEO da The Copia, empresa que desenvolve soluções para e-books. Para ele, no que se refere ao mercado dos livros, a grande revolução não está nos novos formatos, ou aparelhos digitais para a leitura, mas sim na forma como as pessoas leem. Se antes a leitura era uma atividade solitária e passiva, hoje tornou-se interativa. 

“As pessoas querem comentar um livro antes de lê-lo”, brincou Lowinger. Diante deste cenário, ele se opõe à simples transposição de títulos impressos para versões digitais. Uma preocupação levantada no debate “A Revolução Digital: Como aproveitar suas vantagens e evitar seus riscos” dizia respeito à ausência de deepreading. Segundo o americano, faltaria densidade e concentração para apreensão dos conteúdos, ainda que a quantidade de leitura esteja aumentando com o tempo. Para Lowinger, no entanto, o processo digital abre as portas para uma aprendizagem mais eficiente dos conteúdos através da interatividade. 

Facilidade no acesso aos livros

Além da interatividade, o acesso a livros e conteúdos vem sendo gradualmente facilitado pelos formatos digitais. Russ Grandinetti, um dos idealizadores do Kindle, relembrou, em outra palestra realizada também na sexta-feira, que o principal conceito do leitor da Amazon é permitir, a longo prazo, o acesso a qualquer livro do mundo em 60 segundos. 

E este acesso facilitado deve ter impacto positivo nos índices de leitura, como indica pesquisa da própria Amazon, segundo a qual os usuários de Kindle dos Estados Unidos leram 3,3 vezes mais livros no primeiro ano de uso do leitor. 

No entanto, os livros agora enfrentam outro tipo de concorrência. “Antes, as pessoas iam até uma livraria ou biblioteca para escolher o livro que iam ler. Hoje, elas chegam do trabalho e têm algumas horas para descansar. Elas precisam escolher entre ler um livro, ver um filme, ou jogar Angry Birds. Temos que tornar os livros atraentes para competir com estas opções”, afirmou Grandinetti.

Uma das necessidades que ele levantou, ainda, diz respeito à agilidade das publicações quando o meio é digital. “Já temos algumas experiências de autores que prepararam ensaios e textos longos a respeito de eventos que aconteceram semana passada. Ninguém vai querer ler um ensaio longo a respeito do desempenho dos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Londres daqui a seis meses. Isto precisaria ser publicado semana que vem”, exemplificou. 

A questão dos custos de livros digitais também apareceu nas discussões. Russ Grandinetti afirmou que os consumidores se sentem insultados se encontram um livro impresso mais barato que um digital. Para ele, a redução de preços é uma boa solução para lutar contra a pirataria: “A indústria fonográfica brigou contra os formatos digitais e não se adequou, no primeiro momento, a esta nova realidade. E aí a pirataria aumentou muito”, lembrou. 

Está pensando em escrever ou editar um livro digital? Tenha em mente algumas informações importantes:

- Disponibilidade: as pessoas precisam ter facilidade em encontrar, baixar e pagar pelos livros.

- Preço: os livros impressos não podem ser mais baratos que as versões digitais, ou o consumidor não se sentirá confortável.

- Experiência: os leitores digitais permitem diversos complementos ao texto que podem – e devem – ser explorados.

- Detalhes: através de metadata, por exemplo, a editora ou o escritor pode criar maneiras de perceber como as pessoas estão lendo, fornecendo assim mais subsídio para novas versões ou títulos.
Impactos na educação

As mudanças na forma como lemos refletem diretamente na educação, já que também interferem na forma como as novas gerações aprendem e ensinam. Para Lowinger, a maior contribuição que a tecnologia digital pode dar neste sentido é ajudar a combater nas escolas os chamados conteúdos generalistas, ou seja, feitos para um grande número de alunos, sem diferenciação entre os públicos que receberão aquele conteúdo.

“Quando o professor tenta ensinar todos os alunos de uma sala de aula de uma mesma forma, vai acabar não ensinando ninguém. O aluno precisa de ferramentas para customizar os conteúdos e interagir diretamente com o professor”, afirma. 
 

Fonte: Instituto Claro 14/08/2012

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