Políticas Públicas e os desafios das novas mídias


A advogada Veridiana Alimonti, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) defende a adoção de políticas públicas no Brasil para acesso à internet que sejam conduzidas pelo Estado, com um aparato regulatório que permita uso e apropriação de banda larga. Veridiana participou do GT2 sobre Os desafios das novas mídias, inclusão digital e proteção da Infância do Seminário Internacional Infância e Comunicação.
A advogada acredita que a proteção da infância na internet passa pela formação dos pais e de mediadores, capacitados nas escolas. As reflexões de Veridiana foram enriquecidas com os dados apresentados pelo gerente do Centro de Estudos sobre TICs do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Alexandre Barbosa que apontam, sobretudo, para o vertiginoso acesso de crianças brasileiras às redes sociais. Pelo menos 50% das crianças de 10 anos utilizam a internet e 71% dos adolescentes de 16 anos.

Em 91% dos casos a internet é usada apenas para comunicação. Outro dado que chama atenção é que pelo menos 70% das crianças entre nove e 16 anos já têm um perfil em sites de relacionamentos. Segundo Barbosa, este grupo está mais vulnerável aos conteúdos nocivos. Ao mesmo tempo, 53% dos pais de crianças na faixa de nove a 16 anos não fazem uso da internet.

A contribuição de Cristina Ponte, socióloga da Universidade Nova de Lisboa, trouxe uma abordagem que aponta para a diferença no uso das novas tecnologias no Brasil e em Portugal. Ela comparou dados da pesquisa Kids Online feita na Europa, com 1000 crianças entre nove e 16 anos e, no Brasil, com 1580 meninos e meninas. O estudo mostra que a maioria das crianças de Portugal e da Europa acessam a internet para fazer trabalhos de casa. Já as do Brasil, são a minoria.

Outra diferença é que, 39% das crianças europeias identificaram riscos que as incomodam na internet: 22% pornografia e 18% violência. No Brasil, 72% das crianças identificaram um ou mais riscos na internet. Das crianças que identificaram riscos, 60% apontaram um risco, 30% apontaram dois riscos e 10% apontaram três riscos ou mais como conteúdos pornográficos e sexuais, condutas agressivas, conteúdos repugnantes ou assustadores e o bullying. A pesquisa completa, comentada pela professora Cristina Ponte, de Portugal, está disponível em www.eukidsonline.net.
Susie Hargraves, presidente da IWF (Internet Watch Foundation), também participou do debate na tarde desta quarta-feira e enriqueceu a discussão com a experiência do Reino Unido, no ano de 2012, quando removeram 10.000 URLs sobre abuso sexual de crianças. De acordo com ela, esses conteúdos são removidos em 60 minutos, as imagens são enviadas para a polícia e deletadas após três meses. “É nosso dever proteger as crianças tanto online quanto off-line”, assegurou.

O Seminário é uma realização da ANDI – Comunicação e Direitos em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos, a Secretaria Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), além de contar com o patrocínio da Petrobras e apoio da Fundação Ford, TV escola, The Communication Initiative, Pró Empresa e as Redes ANDI Brasil e América Latina.
Acompanhe amanhã, pela transmissão ao vivo no siteinfanciaecomunicacao.andi.org.br o último dia da programação, que começa às 8h30. Os temas propostos são Qualidade da Informação e Autorregulação: Desafios para o Século XXI; Publicidade Dirigida à Infância: Desenvolvimento Sustentável e Padrões de Consumo; Cobertura Jornalística: Boas Práticas na Garantia de Direitos; e Mídia de Qualidade e Participação de Crianças e Adolescentes.
Fonte: Blog da ANDI (http://blog.andi.org.br/politicas-publicas-e-os-desafios-das-novas-midias) 07/03/2013

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